Palácio da Memória
- Renan D'Almeida de Almeida
- 31 de mai. de 2016
- 7 min de leitura


Memória
Antes de começarmos como o palácio de memórias, precisamos entender primeiro um pouco do que é e como funciona a nossa memória. A memória em um sentido geral é a nossa a capacidade de juntar, armazenar e acessar todo tipo de informação em nosso cérebro. Estas informações vão desde números de contas, datas e senhas, passando por letras de músicas, nomes de pessoas e endereços, assim cada minúscula informação do dia a dia como cores, cheiros, sons, sensações e etc. Existem divergências entre pesquisadores sobre onde em nosso cérebro se localiza a memória. Pesquisas mais recentes apontam que ela não está em local especifico, mas em toda a região cerebral. Nosso cérebro funciona como uma espécie de rede e esta rede é conhecida como rede neural. Nesta rede possuímos os neurônios e as suas conexões que através das sinapses geram a comunicação entre outros neurônios. De forma bruta, podemos dizer que quanto mais conexões um neurônio tem maior será a sua capacidade de processamento de informação. Nossa memória funciona de forma similar pois registramos as informações com maior facilidade através de conexões associativas e as memórias que não possuem uma conexão forte tendem a ser esquecidas ou pelo menos são memórias de difícil acesso. De uma forma mais simples tente imaginar a seguinte explicação. Exemplificação: Nosso cérebro é como uma parede e nesta parede podemos prender todo tipo de “lembrança”. Quanto mais forte for a conexão com a parede mais esta “lembrança” será e menor será a chance de ser esquecida. Vamos fixar nesta parede uma memória de exemplo. Seria uma lembrança do aniversário de um ano do seu filho. Coloque nesta parede uma “foto” que represente este momento. Esta lembrança possui diversas outras ligações o que fortalecem ainda mais sua fixação na parede, pegue uma linha com a cor de sua preferência e faça as seguintes ligações. Esta foto está ligada a uma outra foto que é o dia do nascimento do seu filho. A foto do nascimento do seu filho está ligada a foto da sua companheira, a fotos também de seus pais e a diversas outras ligações que vão variar de pessoa para pessoa. Infelizmente nem tudo são belas fotos nesta parede, algumas fotos podem representar momentos ruins e ainda sim prendemos estas imagens em nossa parede. As vezes acabamos prendendo com mais intensidade do que queremos e esta foto acaba tomando mais espaço do que deveria e isso incomoda um pouco... Lembre-se que sempre se pode olhar para uma mesma imagem de maneiras diferentes, basta tentar. As memórias que com o tempo vão tendo suas ligações enfraquecidas ou removidas vão caindo e ficando próximas ao chão, sendo assim misturadas a outras memórias que não possuem ligações. Estas memórias se perdem de vez ou no mínimo ficam difíceis de serem encontradas.
O que é um “palácio de memórias”?
Um palácio de memorias é o nome popular de uma técnica de memorização baseada no “método de

loci”, que em latim significa lugares. O método de loci vem de muito tempo atrás, vem desde a Grécia antiga. Uma história conta que um poeta chamado Simonides foi chamado para recitar um poema em um banquete, após acabar e deixar o local todo o salão desabou. Através de um método de associação a lugares ele pode identificar cada um dos corpos. Em outras palavras, se você algum dia já usou a expressão “...em primeiro lugar...” para lembrar de algo você está usando uma derivação moderna do método de loci. Esta técnica visa facilitar o armazenamento, acesso e o resgate de memórias através de um sistema de “lugares”. Esses lugares podem ser espaços físicos reais ou até mesmo imaginários. Esta técnica é bem simples, porém somente com bastante treinamento é possível obter todo seu potencial. Comece treinando para lembranças simples e com o tempo irá conseguir resultados impressionantes.
Passo a passo

1 – Decida sobre a estrutura física do seu palácio de memórias primeiro. Como já foi falado você pode decidir entre lugares reais. Acredito que é melhor utilizar locais que já existem pois isso facilita a visualização e o preenchimento dos ambientes, porém existe quem prefira criar o seu próprio palácio pois assim a quantidade de cômodos fica limitada a sua imaginação, logo a quantia de informação armazenada pode ser “praticamente infinita”. O local pode ser baseado em qualquer ambiente. Uma loja, uma casa, uma catedral, uma rua próxima a sua casa e etc. Você pode ter um palácio muito grande e pode usar cada cômodo individualmente para cada atividade que precisa de uma memória extra. O mais importante é quanto maior e mais detalhado maior será a quantidade de informação armazenada naquele espaço mental.
2 – Caso você deseja ou precise lembrar de itens em uma ordem especifica deve-se traçar uma rota em seu palácio de memórias. Caso utilize como palácio de memórias a sua residência, um exemplo seria utilizar a rota que você faz todos os dias ao acordar e sair para trabalhar. Lembre-se detalhadamente sua rotina. Caso não precise lembrar algo dentro de uma ordem, ignore este passo.
3 – Com seu palácio devidamente construído, é necessário identificar pontos específicos para guardar as memórias. Esses pontos podem ser qualquer coisa ou lugar e não se importe com a quantidade de pontos pois será neles os locais de referência e acesso a informação que precisa. Caso utilize uma rua pode-se usar como ponto de armazenamento a casa de um vizinho, uma placa da rua, um outdoor, uma esquina... Caso utilize a sua residência pode usar sua mesa de cabeceira, suas chaves do carro e até mesmo o interior de sua geladeira. Utilize pontos mais próximos a sua rotina pois se usar algo muito diferente este ponto pode acabar sendo esquecido ou não visualizado.
4 – Agora que você já tem o seu palácio de memórias projetado e já sabe exatamente aonde deve armazenar suas informações, é extremamente importante que você memorize estas informações. Com esta memorização você poderá ter um rápido acesso sempre que precisar armazenar ou resgatar uma memória. Quanto mais próximo a sua rotina e dia a dia mais fácil será a memorização do seu palácio de memórias. Uma outra maneira de realizar esta memorização é simplesmente desenhando, em um papel ou em um computador, o seu palácio de memórias. Não importa a maneira, mas tem que ser o mais detalhado possível... Deve conter cores, tamanho, cheiros e qualquer outra características marcante.
5 – Agora sim... Com seu palácio devidamente projetado, com os locais para armazenamento e devidamente memorizado você já pode começar a usá-lo, ou seja, começar a colocar nos espaços de armazenamento aquilo que você deseja lembrar. Cuidado ao colocar muita informação em apenas um só espaço pois de certa forma um objeto pode acabar sobrepondo outro e algum ser esquecido. Se você precisa lembrar de uma lista de objetos que precisa comprar em um mercado, tente distribuir os objetos da lista nos cômodos da sua casa de acordo com o seu local de uso. Itens de cozinha na cozinha, de higiene no banheiro e por aí vai. Caso precise de uma ordem especifica deve-se utilizar um caminho que faz todos os dias pois facilita o seu trabalho.

6 – Depois de projetar, marcar os pontos e memorizar o local está mais do que na hora de colocar as memórias, está na hora de ser criativo. Uma memória só possui uma ligação forte se a mesma possuir algo que chame a sua atenção ou marque a pessoa com algum sentimento. Se você precisa lembrar de algo seja criativo no objeto que usará para colocar como referência em seu palácio de memórias, pois quanto mais ele for diferente mais causará impacto e mais fácil de lembrar. Exemplificação: Você tem dois compromissos, um de ao acordar deve ir ao dentista e outro é que após o dentista deve buscar seu filho na escola. Sendo assim você imagina que seu despertador quando toca ele é um dente gigante que fica vibrando em cima da sua mesa de cabeceira e para lembrar de buscar o seu filho na escola você memoriza que na sua chave do carro tem preso como chaveiro uma miniatura dele... Se quiser firmar mais ainda, ao olhar para seu carro tente visualiza-lo amarrado com cordas no capo do carro pois assim pode ajuda-lo tanto na ida ao dentista quanto na saída também.
7 - O mais importante em relação a esta técnica é saber utilizar símbolos e criatividade na hora de elaborar uma referência, quanto mais incomum melhor... A melhor parte nisso é que não precisa se preocupar com coerência, lucidez ou inibição pois o importante é fazer sentido para você. Afinal de contas ninguém vai ver mesmo.
8 – Estoque seu palácio de memórias com outros mnemônicos. Existem milhares tipos de lugares do seu dia a dia que você pode explorar e armazenar memórias. Não se apegue no princípio a lugares muito grandes, complexos e cheios de espaços para memórias. Comece talvez apenas de um cômodo e quando se sentir confortável você já pode expandir seu local, logo expandir sua memória.
9 – Após colocar os objetos em seu palácio, você deve andar por seu palácio de memorias observando detalhadamente todos os elementos e caso necessite de uma ordem especifica deve ficar atento ao percurso durante o seu passeio. Digamos que você tenha a tarefa de comprar flores para uma pessoa em relação a uma data especial. Coloque em sua sala uma flor sentada no sofá e no lugar do botão da flor coloque a cabeça da pessoa. Lembre-se assim que se você vier a esquecer desta tarefa terá que se contentar com os espinhos.
10 – Agora finalmente use o seu palácio e não o deixe pegando poeira. Sempre que precisar acessar alguma informação basta entrar. Lembre-se que só você tem esta chave então use-o como quiser, aprenda, memorize e, o mais importante, divirta-se com ele. Estudos sugerem que memórias duram muito mais do que memórias neutras e sem sentimento. Com a pratica você conseguirá facilmente usar e adaptar as suas necessidades.
11 – Um palácio de memórias, como já falamos, é um espaço que você armazena memórias que precisam ser lembradas. Você pode usar este espaço quantas vezes precisar, basta remover as informações antigas e substituir por novas. Existem casos onde você GOSTARIA DE ter aquela recordação por mais tempo e nestes casos precisará construir outros palácios evitando assim perder a informação anterior.

Dica
Ao criar seus pontos de memória você deve ser extremamente criativo. Deve-se utilizar de todos os sentidos para realizar uma boa memorização. É muito interessante que você trabalhe também com sensações como frio, quente, molhado, áspero, liso e etc. Para melhorar ainda mais pode ir mais fundo e usar as próprias emoções para a memorização. Afinal de contas, acredito que todos nós temos alguma reação ao lembrarmos do som do exoesqueleto de uma barata quebrando ao pisar nela e ver aquela cena nada agradável depois.
Fontes: - http://www.portaleducacao.com.br/medicina/artigos/52408/neuropsicologia-como-funciona-a-nossa-memoria#!1
- http://www.din.uem.br/ia/neurais/#neural
- http://www.maisaprendizagem.com.br/envelhecimento-do-cerebro/
- http://www.cerebromente.org.br/n12/fundamentos/neurotransmissores/neurotransmitters2_p.html
- http://rrenanddalmeida.wix.com/psicologiadavida#!Sentimentos-X-Mem%C3%B3ria/cu6k/07DA6C95-E7E0-4A5C-917C-5565831296E2
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